Quando temos um objetivo bem estruturado e definido, quando estamos cientes de nosso propósito, a determinação para percorrer o caminho aumenta. A ilustração foi assim para mim. Sempre me vi como uma “pessoa visual”. Me sentia atraída por ilustrações, cores, estampas, traços.
Na faculdade, resolvi me aproveitar de um trabalho para definir uma meta pessoal, eu iria aprender a ilustrar. Falando assim, parece que tudo foram flores. E é claro que não foi. Eu quis desistir em diversas etapas, mas ter o objetivo muito claro em minha mente impediu que eu tomasse esse impulso. A parte mais difícil foi aceitar e abraçar o meu traço, parar de me comparar com os outros e perceber a singularidade de cada um. Não existe desenho ruim, realmente não existe. Existem técnicas e estilos, e encontrar a sua forma e fazer com carinho e propósito é o que torna o trabalho especial.
Sei que tem muita gente que acha que é impossível aprender a desenhar ou ilustrar. Quando se pensa em qualquer área criativa, a ilustração inclusa, existe um mito que tudo vem de um dom que nasce com a pessoa. Eu gostaria de desmistificar isso. Eu compreendo que existem pessoas que possuem maior desenvoltura para tal área, interesse por outro. Afinal, é isso que faz a gente decidir no que iremos investir o nosso tempo. Mas a técnica só vem com o treino. Não é à toa que cada vez mais vemos cursos, faculdades, workshops e literatura sobre criatividade.
Certa vez um professor meu me disse “ Todo mundo sabe desenhar. Existem apenas aquelas pessoas que pararam de treinar quando crianças e aquelas que continuaram”. Essa frase acendeu uma luz na minha cabeça. Fazia perfeito sentido! Só você pode delinear os seus limites. Então, li o que pude sobre anatomia, formas e técnicas de desenho, fiz curso de computação gráfica, investi em ferramentas. Treinava praticamente todos os dias, buscava sempre rabiscar algo, mesma quando minha vontade era só de mergulhar na minha cama e dormir. Porque eu finalmente entendia que como a maior parte das coisas da vida, desenhar é treino.
No meu primeiro post uma leitora me perguntou sobre como eu fazia para cobrar. Admito que no início foi especialmente difícil. Uma dica fundamental é fazer o cliente compreender todo o universo do seu trabalho, fazê-lo entender pelo que está sendo cobrado. Essa é uma dica muito versátil, e que serve para diversos campos. Mas acredito que seja a mais importante.
E, lembre-se que para transmitir para alguém o seu universo de trabalho, é necessário que você mesmo o compreenda. Seus argumentos não podem e nem devem ser fundados meramente no ego, a teoria é fundamental. Criatividade é um exercício e estudo constante. A habilidade e a prática só vem com o treino, e a arte vazia não vai pra frente.